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Ainda as novelas das seis

Já que o último post foi sobre uma novela das seis prestes a estrear, continuemos com o tema. Há algum tempo os noveleiros estão desiludidos com o horário. Os tempos mudaram, a rotina do brasileiro mudou, a família, a sociedade, a tecnologia, tudo mudou. É raro hoje em dia um autor conseguir emplacar uma novela das seis. A última que me lembro foi o remake de O profeta, em 2006. De lá pra cá, só fiascos.

Hoje, novela das seis horas da tarde já é marca registrada, mas tudo começou em maio de 1975, quando a TV Globo inaugurou a programação fixa das 18:00 horas, dando assim mais um passo importante na história da telenovela brasileira. À princípio, o horário era dedicado exclusivamente a transpor para a TV grandes romances da literatura brasileira. A estréia ficou com Machado de Assis e seu romance Helena, com adaptação do então novato Gilberto Braga.A Globo passou a investir no requinte das adaptações literárias. Novelas como Senhora (1975/76), A Moreninha (1976) e A Escrava Isaura(1976/77) conquistaram o público e firmaram formato. Lucélia Santos e Rubens De Falco, nos papéis principais, ainda hoje são sucesso no mundo todo com A Escrava Isaura.


Mas às seis, a Globo também alternou ilusões do século passado com romances um pouco mais recentes. A novela O Feijão e o Sonho, por exemplo, da obra de Orígenes Lessa, abriu essa nova etapa. Para se ter uma idéia do poder do horário, muitos desses livros foram relançados e se tornaram campeões de vendagem, isso 20 ou 30 anos depois do lançamento. O mesmo aconteceu com o romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha. Numa adaptação de Manoel Carlos, a novela Maria Maria teve o requinte de uma superprodução na televisão e mais uma vez consagrou seu autor, esquecido desde o início do século.


Em 1982, com a novela Paraíso, a Globo abriu espaço também para roteiros originais, abordando temas atuais. Em 1993, um antigo sucesso do horário nobre da TV Tupi foi recontado às seis horas da tarde, Mulheres de Areia, a saga das gêmeas Ruth e Raquel. A reedição dessa novela, da saudosa Ivani Ribeiro, chegou cheia de efeitos especiais, propiciando aos noveleiros de plantão mais um delicioso momento da telenovela brasileira. Depois do grande sucesso de Mulheres de Areia, a Globo tentou emplacar com tramas inéditas, mas o público não aceitou bem e o Ibope do horário acabou decaindo.


Em 1997, entretanto, o núcleo de teledramaturgia da Globo resolveu trazer o sucesso de volta para o horário, com o bem sucedido remake de Anjo Mau. Com elenco, direção e campanha de divulgação impecáveis, o antigo sucesso de Cassiano Gabus Mendes, reescrito por Maria Adelaide Amaral, ganhou roupagem nova e trouxe os altos índices de audiência de volta ao horário das 18:00 horas. O mesmo aconteceu com a festejada estréia da versão anos 90 de Pecado Capital, escrita originalmente por Janete Clair em 1975 e adaptada por Glória Perez em 1998. Já na primeira semana de exibição do remake, os altos índices de audiência foram confirmados, embora a história tenha perdido o impacto inicial após os primeiros capítulos.

No caso de Cabocla e Sinhá Moça, ambas de Benedito Ruy Barbosa, os remakes foram bem sucedidos. Já Ciranda de Pedra, apesar da produção impecável, não emplacou. Miguel Falabella que o diga, com sua Negócio da China. Mesmo original, o autor reconhece que se desviou de sua tradicional fórmula de sucesso, marca de suas novelas anteriores. A esperança agora é a nova Paraíso.

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