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O irmão caçula dos Bee Gees

No final dos anos 70, Andy Gibb era um fenômeno da música pop, misturando harmoniosamente talento e carisma. Foi o único artista a ter seus três primeiros compactos em 1º lugar nas paradas. Apesar de seu nome ser pouco conhecido no Brasil, suas canções são ainda populares. Vendeu milhões de discos em cerca de dois anos. Tudo isso no final de sua adolescência. Soma-se a isso o fato de Andy ser o irmão mais novo dos Bee Gees, um dos mais poderosos e influentes grupos da música pop.

Mas, por trás do seu visual de teen idol e da voz perfeita, o garoto que queria "ser tudo" (como diz um de seus maiores hits, I Just Want To Be Your Everything), estava seriamente envolvido com drogas. Quando sua morte foi anunciada, em 10 de março de 1988, por problemas cardíacos em decorrência do uso de tóxicos, muitos ficaram chocados. Digam o que quiserem: tudo aconteceu rápido demais na vida de Andy...

Andrew Roy Gibb nasceu em 5 de março de 1958 em Manchester, Inglaterra, o caçula de uma família de cinco irmãos. Sua mãe, Bárbara, era cantora. Seu pai, Hugh, baterista e líder de uma big band. Como os empregos para músicos na Inglaterra estavam ficando escassos, a família se mudou para a Austrália. O que impulsionou a carreira dos seus três irmãos mais velhos, Barry, Maurice e Robin: os Bee Gees, que se tornaram um fenômeno australiano em meados dos anos 60. Pouco depois, de volta à Inglaterra, os Bee Gees ganharam status de astros internacionais. Andy estava sempre por perto, assimilando tudo.

Em 1970, hora de outra mudança, desta vez para a pequena ilha de Ibiza, na costa espanhola. Foi quando Andy teve seus primeiros contatos reais com a música, ganhando a primeira guitarra do seu irmão Barry, aos doze anos. Cerca de um ano depois, Andy fez a sua estréia num clube turístico local. No entanto não recebia pelos shows, devido à sua idade e cidadania inglesa. Andy era uma presença constante no clube, algumas vezes acompanhado pelos irmãos.

A essa altura, já estava certo de que queria ser cantor. Depois de uma rápida passagem por dois conjuntos, Melody Fayre e Zenta, Andy retornou à Austrália e começou a compor, cada vez mais determinado a seguir uma carreira solo. Em menos de dois anos, tocou em clubes e bares de Sidney e conheceu Kim Reeder, que se tornou sua esposa (quando ambos tinham apenas 18 anos).

Em 1976 Robert Stigwood, o homem que arquitetou o sucesso dos Bee Gees, ouviu algumas fitas demo de Andy e resolveu investir na carreira solo do caçula. Em pouco tempo, o recém-casado Andy estava no Criteria Studios, em Miami, gravando seu primeiro álbum: Flowing Rivers. Produzido por Barry Gibb e lançado em 1977, o álbum vendeu cerca de um milhão de cópias, tendo como hit I Just Want to Be Your Everything. A música ficou em primeiro lugar na Billboard, seguida por (Love is) Thicker Than Water. O LP teve ótimas críticas e foi indicado a dois Grammy (Revelação do Ano e Melhor Canção por I Just Want to Be Your Everything). Andy também ganhou um People's Choice Award.

Como nada vem de graça, essa relativo sucesso fácil teve seu preço: sua vida pessoal começou a passar por problemas. Ao mesmo tempo em que tinha de lidar com o assédio das fãs e o sucesso, precisava administrar sua carreira, sua vida de casado e seu papel de pai. A esposa Kim acabara de dar à luz Peta-Reeder Gibb, nascida em 25 de janeiro de 1978.

O casamento de Andy e Kim acabou naquele mesmo ano, apenas dez dias depois do nascimento de sua filha. Familiares e amigos sentiam que Andy estava indo contra quem ele realmente era. O rapaz jovem e entusiasmado ficou irreconhecível: aos 19 anos, estava envolvido com drogas e álcool. No entanto, sua carreira ia de vento em popa, e Andy seguiu em frente.


Seu segundo álbum, Shadow Dancing, cujo compacto já era platina antes mesmo do lançamento do LP, foi o mais famoso. Outros hits desse trabalho eram An Everlasting Love e (Our Love) Don't Throw it All Away. Sua turnê mundial obteve excelentes críticas e lotava arenas e estádios em vários os cantos do planeta.

Andy era presença freqüente em especiais de TV (Rock Concert, Midnight Special, Dick Clark, Olivia Newton-John Special) e programas de variedades (Donnie and Marie, Bob Hope, Dinah, Mike Douglas, Phil Donahue). Um dos pontos altos de sua carreira foi durante a turnê de 1979 dos Bee Gees, Spirits Having Flown, na qual se juntou aos irmãos no palco. Era o auge de sua meteórica carreira.

Andy com o ABBA e Olivia Newton-John em 1978
 O terceiro álbum, After Dark, veio em 1980 com os hits: Desire e I Can't Help It, dueto com a amiga Olivia Newton-John. Greatest Hits, em 1981, emplacou Time is Time. Apesar da qualidade desses trabalhos, as vendas começaram a cair. Seu problema com as drogas se agravou, e nesse mesmo ano, foi despedido por seu empresário Robert Stigwood.

Andy e Victoria Principal
Mesmo com a carreira dando os primeiros sinais de declínio, Andy ainda era atração especial em eventos, shows e programas de TV. Aliás, foi no John Davidson Show que conheceu o grande amor de sua vida, em 1981: a estrela da época, Victoria Principal (a Pamela do lendário seriado Dallas), oito anos mais velha. Os dois regravaram em dueto All I Have To Do Is Dream, dos Everly Brothers. Esse foi o último compacto de Andy.

Nesse período, trabalhou em vários projetos fora do estúdio de gravação. Foi um dos apresentadores do Solid Gold, programa musical da TV. Fez também um papel coadjuvante em um filme canadense produzido para um canal a cabo, Something's Afoot. Essa participação foi um passo para a Broadway, onde estreou como personagem-título de Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat, musical escrito por Andrew Llyod Weber.

A carreira televisiva de Andy continuou, com participações especiais nos seriados Gimme a Break! e Punky Brewster (exibido no Brasil pelo SBT como Punky - A levada da breca). Em 1983, Andy excursionou om seu novo show, começando por Las Vegas. Desta vez, era um outro estilo de espetáculo, mais intimista, no qual pôde mostrar toda a sua versatilidade. Cantando seus hits e músicas antigas (Beatles, Mills Brothers, Frank Sinatra, etc.), lotava casas de show por onde passava. A turnê incluiu o Brasil, em 1984, no estádio do Ibirapuera, em São Paulo. No mesmo ano, Andy participou do Festival de Viña del Mar, no Chile, ganhando o prêmio Silver Torch.

No entanto, os anos de consumo de drogas e álcool começaram a refletir sobre a sua saúde. Em meados de 1985, o cantor procurou auxílio médico. Lutou por quase dois anos contra a dependência química. No início de 1987, entrou também para o AA (Alcoólicos Anônimos) e parecia finalmente recuperado.


Começar uma nova vida era a expectativa de Andy ao assinar um contrato com a Island Records para gravar um novo álbum. Duas músicas, compostas juntamente com Barry e Maurice, ficaram prontas: Man on Fire (só lançada em 1991 no CD Greatst Hits) e Arrow Through the Heart, que permanece ainda inédita. Infelizmente, essa volta não aconteceu. Em 10 de março de 1988 - apenas cinco dias após completar 30 anos - uma miocardite (inflamação do músculo cardíaco, causada pelos anos de abuso de drogas e álcool), pôs um ponto final na sua curta, porém, intensa vida.

"Era um grande artista, mas sem controle. Sua personalidade e emoções fortes não o deixavam lidar com o que acontecia ao seu redor, com a fama que tinha.", revelou o irmão Robin Gibb em 1997, no programa da VH1, Behind the Music. Certamente, uma das mais precisas definições sobre Andy Gibb.

Os Bee Gees compuseram a música Wish You Were Here em homenagem ao irmão Andy. A música, lançada em 1989, também foi tema internacional da novela Top Model e  obteve sucesso absoluto no Brasil, ocupando a 2ª colocação entre os compactos mais vendidos.


Colaboração:
Ana Carolina Landi (RJ)

4 comentários:

Claudio BR GIBB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Claudio BR GIBB disse...

Legal lembrar do Andy, Daniel. Mande notícias. Abraço. Claudio - São Paulo (Bee Gees).

Karine disse...

Nossa, não sabia que o Andy havia participado de Punky! Muito bom o post, Daniel. Descobri o Andy através do especial da Olivia do qual o ABBA participou, depois pesquisei um pouco sobre ele e fiquei bem chateada em saber como ele se foi cedo. É triste ver quantas vezes as drogas podem abreviar o caminho de grandes artistas.

Abração

Daniel Couri disse...

Pois é Karine, é uma pena que Andy tenha partido tão cedo. Ele tinha tudo para construir uma carreira longa e sólida como a dos Bee Gees. É mais um daqueles casos em que a fama, quando chega muito cedo, pode ser uma armadilha fatal... Uma porta aberta para o vício.

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