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O irresistível lado B (de brega)

Com o tecnobrega cada vez mais em alta e propagado em várias camadas da nossa sociedade, é possível observar como esse fenômeno de "ser brega" virou uma coisa pop, divertida e até aceitável nos dias de hoje. Aliás, atualmente é difícil definir "brega", especialmente na categoria musical. Na minha opinião há vários tipos de brega. Sobre o termo, a Wikipedia diz que "sua conceituação como estética musical tem sido um tanto difícil – uma vez que não há um ritmo musical propriamente 'brega' – e alvo de discussões por estudiosos e gente do meio musical. Mesmo sem ter estabelecidas características suficientemente rígidas, o termo praticamente foi alçado à condição de gênero".



Esses artistas considerados bregas começaram a invadir as nossas rádios a partir da década de 1970. Já no comecinho dos anos 80, os programas de televisão de Sílvio Santos, Chacrinha, Raul Gil, Carlos Imperial e Bolinha serviam para catapultar a carreira desses astros da canção suburbana (na época ainda não se usava o termo "brega"). Seus compactos vendiam como água. Eram os reis dos porteiros, taxistas e empregadas domésticas, entre outros.

Carlos Imperial, Chacrinha e Silvio Santos
Existem no Brasil os cantores bregas que não eram tidos como bregas propriamente. No começo eram até levados a sério, mas tornaram-se cafonas, canastrões e datados com o passar do tempo. Alguns duraram pouquíssimo. Chegaram a fazer sucesso, foram populares, venderam muitos discos, mas acabaram causando uma espécie de "ressaca" e se apagaram da nossa memória. Desse tipo existem duas ramificações: os que conseguiram voltar em grande estilo e os que permaneceram parados no tempo e foram esquecidos.


Sidney Magal
Quando a música brega passou de cafona à cult, nos anos 2000, era permitido, lícito e até cool curtir esse som. Até porque ele havia se tornado um clássico. Exemplo: Sidney Magal, Gretchen, Rosana. Uma nova geração de fãs e entusiastas passou a ouvir, homenagear e difundir esses artistas, que hoje são considerados divertidos, interessantes e garantia de festa animada. Voltaram a ser muito requisitados para shows, comerciais, aparições na TV e entrevistas.

Rosana e Gretchen, duas musas bregas dos anos 80
A outra ramificação é o tipo que ficou parado no tempo, lá atrás, e desapareceu de vez. A maioria das pessoas nem se lembra, pois eles sumiram totalmente da mídia. Exemplo: Julia Graciela, Miss Lene, Juanita, Trio Los Angeles.

Miss Lene e Julia Graciela
Juanita
Dando continuidade à vasta linhagem do brega, existem aqueles que desde o começo se firmaram no mercado musical como grandes vendedores de discos, a despeito de serem taxados de bregas. Conquistaram enorme espaço na mídia e lugar cativo no gosto popular. Exemplo: Amado Batista, Odair José, Waldick Soriano. Clássicos absolutos, nem se discute.

Amado Batista, Odair José e Waldick Soriano
Curiosamente, existem os bregas por opção. São aqueles 'fabricados' com o intuito de serem bregas mesmo. Como uma espécie de marca que levam com orgulho. Ou então reforçaram e assumiram seu lado brega, já que hoje é "legal" ser brega. Exemplo: Genival Lacerda, Falcão, Reginaldo Rossi.

Genival Lacerda
Há os bregas que, apesar de não terem a pretensão de ostentar esse título – às vezes até repudiado – vão carregá-lo enquanto existirem. Fazem tremendo sucesso e arrancam suspiros do povão. Exemplo: José Augusto, Calypso, Michel Teló.

E existem também os bregas que, décadas atrás, eram extremamente populares e até tiveram seu momento 'sério', mas a seriedade não colou. Atualmente andam sumidos e permanecem no imaginário brega nacional. Exemplo: Gilliard, Jane e Herondy, Ovelha.

Ovelha e Gilliard

Jane e Herondy
Joanna
Curioso é ver que alguns artistas fizeram o caminho inverso, involuntariamente, creio eu. É o caso de Joanna, que no começo dos anos 80 era um dos nomes da MPB que dava a impressão de que ocuparia o mesmo patamar de Gal Costa ou Simone, por exemplo. Mas hoje, sumida do showbizz há tempos, é considerada brega. Em uma matéria da Veja de 28 de janeiro de 1981, intitulada "A canção suburbana", o futuro de Joanna no brega já se insinuava: "Quem garante que uma cantora como a melosa Joanna ainda será sucesso daqui a dez anos?".

Fábio Júnior é outro que viveu (e ainda vive) o sucesso popular. Mas a fama de cantor romântico dos anos 80 rapidamente adquiriu contornos de brega. Seja como for, ele ainda se vale de sua reputação de conquistador incorrigível. Continua fazendo shows pelo país e levando mocinhas e senhoras e soltarem gritinhos apaixonados.

Como a lista de nomes do brega é vasta, na próxima semana preparo uma nova postagem com mais detalhes, nomes de artistas e seus irresistíveis hits bregas.

4 comentários:

Daniel Santos disse...

Muito legal esse post! (::

Estou fazendo um documentário de rádio para a faculdade , sobre o Brega, e gostaria de saber se você conhece algum estudioso do assunto?

Bom, se você souber e puder indicar, ajudaria bastante.

santos.drs@gmail.com

Abraço,

Daniel Santos disse...

Muito legal esse post! (::

Estou fazendo um documentário de rádio para a faculdade , sobre o Brega, e gostaria de saber se você conhece algum estudioso do assunto?

Bom, se você souber e puder indicar, ajudaria bastante.

santos.drs@gmail.com

Abraço,

Daniel Couri disse...

Não conheço nenhum 'estudioso' do assunto, mas existe um livro, muito bom por sinal, do Antonio Carlos Cabrera, chamado "Almanaque da Música Brega". Talvez possa te ajudar; Veja no link: http://www.mofolandia.com.br/brega/
Abraço e apareça mais!

Camila disse...

Nosso, muito bom post e adorei suas classificações, é bem isso mesmo!

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