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Monique e Pedro |
No final dos anos 70, uma campanha dos cigarros Chanceller causou sensação nos quatro cantos do país. O modelo da campanha era Pedrinho Aguinaga, considerado, naquela década, o mais bonito do Brasil. Além de garoto-propaganda de cigarro, ele foi modelo, astro de bailes de debutantes e ator de filmes nacionais. Virou a cara do cigarro Chanceller, sob o slogan “O fino que satisfaz”. Foi noivo da então modelo iniciante Monique Evans, com quem teve um filho. O casal era considerado o exemplo de beleza jovem do Brasil. As mulheres o cobiçavam e os homens o copiavam.
Mas hoje muita gente se pergunta por onde anda o moço. De lá pra cá muita água rolou: cigarro deixou de ser chique e passou a ser condenado na sociedade, Pedrinho sumiu da mídia, Monique ficou, digamos, um tanto quanto aloprada, embora seu nome sempre tenha se mantido nos programas e colunas de fofoca. É comum vê-la na TV. Mas de Pedrinho pouco se fala. As ex-cocotas ainda suspiram ao se lembrar dele. Fazendo uma rápida pesquisa na internet (e onde mais?), foi possível descobrir que ele está muito bem, obrigado.
"Eu tive que fumar quase cem cigarros para fazer aquela foto clássica, que estampava outdoors no Brasil inteiro. Depois fiquei dias no hospital, completamente intoxicado por aquela fumaça toda", contou ele ao site
acritica.com. "Com a consciência que tenho hoje de todos os malefícios do cigarro, eu jamais faria. O ideal seria se você conseguisse fumar três por dia, mas é impossível".
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Com Vera Fisher na capa de Fatos e Fotos |
Filho de pai brasileiro (Fernando Aguinaga, o 'Barão') e mãe americana (Claudine), Pedrinho nasceu no Rio, em 20/02/1950. Aos 20 anos, se inscreveu num concurso de beleza masculina na TV Tupi (coisa inédita naquela época), no programa de Flávio Cavalcanti. A idéia era conseguir uns trocados, mas Pedrinho ganhou a primeira etapa, resolveu continuar na disputa e algumas semanas depois foi eleito “o homem mais bonito do Brasil”. Dali em diante, virou lenda. Podia ser visto nos embalos do Studio 54, em Nova York, ou em alguma boate da moda em Paris. Fez vários comerciais, participações em programas e até na novela Locomotivas (1977), além de vários filmes, entre eles o polêmico Rio Babilônia (1982, de Neville de Almeida), onde protagonizou uma cena de sexo a três numa piscina, junto com Joel Barcellos e Denise Dumont.
Também colecionava conquistas amorosas, coisa que não era nada difícil com a estampa que Pedrinho ostentava. Não havia mulher que não o desejasse. Nem isso fez com que ele - que se confessa um conquistador inveterado - se deslumbrasse. Do dentista ao cardiologista, não marca consulta, é atendido por amigos. Caminha todos os dias, só se locomove de bicicleta e faz meditação. Isso é que é simplicidade! E ainda assim, mantém a mesma elegância da década de 1970. Tão diferente dos arrivistas de hoje, que se vendem por uma capa de revista, querem alardear um "talento" que não possuem e uma beleza fake que só funciona em reality shows. E ainda fazem qualquer coisa por 15 minutos de fama na TV. Bem disse Arnaldo Bloch: "Não há roupa ou fantasia que dê jeito quando, na alma, falta classe". Mas isso Pedrinho, mesmo sessentão, tem de sobra.
Em entrevista à revista Quem (16/09/2004), ele disse que se sentia realizado. "Sou alguém que não pode reclamar da vida. Se reclamar, manda me internar que estou maluco". Bem humorado, também disse que se considera PHD: "Por Hora Desempregado', explicou. "Vivo bem porque tenho saúde. Grana tenho muito pouca, mas quero pouco. Não tenho necessidade do carro do ano. Tenho outros valores. Sou um playboy do bem. Nunca magoei as pessoas na minha 'playboíce'. Nunca quis nada que não fosse meu. Minha vida é privilegiada. Se tiver necessidade de ter alguma coisa a mais vou fazer esse movimento e conseguir o que quero".
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Em 2011, no São Paulo Fashion Week, posando para campanha da grife Reserva |
Confira algumas propagandas do "fino que satisfaz", publicadas em várias revistas brasileiras entre 1977 e 1979: