O que interessa mesmo é o extraordinário fenômeno de algumas (leia-se muitas) pessoas aparentemente normais cultuarem deliberadamente os piores filmes do mundo, feitos especialmente para esse mercado. Um ótimo exemplo são os filmes que eram apresentados por José Mojica Marins – o Zé do Caixão – no extinto Cine Trash, da TV Bandeirantes. Filmes ruins por opção, como os infames O Ataque dos Tomates Assassinos (Attack of the Killer Tomatoes, 1980) e O Ataque dos Vermes Malditos (Tremors, 1990). O curioso é que alguns desses filmes, de tão ruins, viraram até clássicos, como aconteceu com O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), de Tobe Hooper, que ganhou refilmagem em 2004.
No entanto, o mais lírico dos bad movies, verdadeira obra-prima, é O Abominável Dr. Phibes (The Abominable Dr. Phibes, 1971), dirigido por Robert Fuest. O filme mostra o admirável Vincent Price no papel de um homem amargurado pela morte da mulher por erro médico. Um a um, ele mata cada um dos doutores.
O diretor John Waters, papa do kitsch, brincou com a idéia da obsessão da mídia e do público pelos psicopatas. No impagável Mamãe é de Morte (Serial Mom, 1993), Kathleen Turner interpreta uma simpática mãe que assiste secretamente a filmes de horror baratos. O filme mostra com muito humor negro do que essa mãe de uma pacata família de classe média americana é capaz.
A americana Pauline Kael, célebre crítica de cinema da revista New Yorker, fez uma interessante observação sobre a paixão por filmes ruins. Segundo ela, "o que nos agrada em cada filme, na maioria das vezes, tem muito pouca relação com o que consideramos arte".
Verdade seja dita: com maior ou menor talento, o cinema aprendeu a brincar com a morte – um tema importante demais para ser levado a sério. Talvez aí esteja o grande carisma dos filmes de terror, que não deixam de ser uma das melhores válvulas de escape.
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