Old photographs and places I remember
Just like a dying ember
That's burned into my soul
Just like a dying ember
That's burned into my soul
Hoje faz uma semana que estou na casa dos meus pais, em Muriaé (MG). E já estou de partida para o Rio. É inevitável o choque cultural que se tem ao voltar para o ambiente familiar. Principalmente para quem vem tão pouco à terra natal, como é o meu caso. A distância não favorece as visitas constantes, um dos motivos pelos quais venho pouco. A cidade não é, como direi... muito convidativa. Mas mesmo o choque cultural tem seus encantos, apesar da melancolia nostálgica de testemunhar, ano a ano, o desfacelamento da cidade que outrora era mais aprazível. Algumas ruas foram parcialmente levadas pelas últimas enchentes. Muitas casas tradicionais foram demolidas e deram lugar a construções horrendas, prédios compridos e finos que mataram a (pouca) personalidade que a cidade tinha. As casas do começo do século passado já quase não existem. As fachadas da cidade foram sufocadas por um monte de portas, portinhas e vitrines de lojas, lojinhas, lanchonetes e botecos. As pracinhas, já áridas e praticamente sem vegetação, são um verdadeiro mafuá. As pessoas estão cada vez mais selvagens, nada é conservado. Vivo isto como férias, mas não consigo evitar o saudosimso. Não que Muriaé já tenha sido algum paraíso, mas perto do que é hoje, a cidade já foi bem mais agradável, tanto social como visualmente. Alguém já disse, aliás um outro mineiro, Otto Lara Rezende, que nossa alma está no lugar onde nascemos. Nas praças, no sino da igreja, no casario, no paralelepípedo das ruas. Gente mais simples já disse que pegamos energia no lugar onde nosso umbigo está enterrado. E eu acredito nisso. Sei que, apesar de não ter simpatia alguma por Muriaé, em algum cantinho recôndito, bem lá no fundo, tenho carinho pelo tempo em que vivi aqui. Mesmo que hoje quase tudo esteja diferente do meu tempo de infância e adolescência, ainda sinto os mesmos cheiros daquelas épocas. Determinadas ruas têm o cheiro das padarias da minha infância, o pão que ficava pronto no final da madrugada, as vitrines cheias de guloseimas e abelhas... Em outras ruas sinto aquele cheiro delicioso de comida, no começo da noite. O cheiro vem das "casas de família" e se mistura ao cheiro de dama da noite. As lojas de aviamentos e tecidos ainda conservam o mesmo cheiro de antigamente, assim como as igrejas, a banca do jornaleiro e os supermercados. Engraçado como o cheiro nos transporta para outra época, outra era, tão longe... E ao mesmo tempo, nos traz de volta para o mesmo lugar, ainda que nada seja mais como antes. Até hoje sinto - embora muito raramente - o cheiro do jardim de infância. Aquele cheiro de merenda (Mirabel, suco, frutas) misturado à lápis de cera, tinta guache, massa de modelar, caderno novo... Enfim, cheiro de criança, de infância.
...
Só de curiosidade: o trecho que citei no início deste post é da música Old Photographs, de Jim Capaldi, cuja letra tem a ver com o que escrevi e, por coincidência, eu estava escutando enquanto escrevia. Para quem não sabe, a música ganhou uma versão piegas (e bem conhecida) em português chamada Casinha Branca. Nada a ver com a letra original em inglês. O trecho correspondente seria "Eu queria ter na vida simplesmente / um lugar de mato verde / pra plantar e pra colher".
2 comentários:
Deixa de nostalgia daniel e volta pra mim :p Tô com saudade de tu, tatu! Eddie cannot live without her Patsy, darling. I ken leeeeeee
A música é do compositor Gilson "CASINHA BRANCA" teve uma versão "piegas" por Jim Capaldi,chamada OLD PHOTOGRAPHS
Que pena vc não conhecer as músicas brasileiras...
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