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33 anos depois... quem vai matar Salomão Hayalla?

É, já não se fazem mais novelas como antigamente. Isso não é novidade nenhuma. Nosso maior produto - sim, podemos nos orgulhar de produzir as melhores telenovelas do mundo, sem nenhuma vergonha - anda meio enxovalhado. Não quero generalizar, é claro que ainda existem bons autores, bons artistas e emissoras empenhadas. Mas com a morte de grandes autores (Janete Clair, Cassiano Gabus Mendes, Dias Gomes), o time de novelistas anda desfalcado há muito tempo. Vários nomes desaparecem na mesma velocidade com que surgiram e até mesmo autores de grandes sucessos da teledramaturgia brasileira nas últimas décadas (Manoel Carlos, Silvio de Abreu, Gilberto Braga) parecem estar perdendo o fôlego a cada nova trama.


De uns dez anos pra cá as novelas andam menos atrativas para o grande público. Tudo bem que com o advento e a respectiva popularização da TV a cabo, dos computadores e da internet, a TV aberta perdeu uma enorme parte de seu público. As crianças e os jovens de hoje, por exemplo, passam muito mais tempo na internet e nos canais pagos (vendo as séries americanas) do que assistindo novela, como era comum até o final dos anos 90. Aliás, a maioria nem acompanha mais as novelas atuais.

Verdade seja dita: as tramas não têm conseguido prender o público como antes e perderam muito de seu apelo. Os motivos podem ser variados: escassez de boas histórias, falta de afinação nos elencos e desgaste de temas são alguns deles. O ritmo das histórias também mudou, tudo ficou subordinado ao marketing e à publicidade. O público esquece dos personagens rapidamente, ao contrário do que acontecia antigamente, quando os personagens viravam ícones nacionais por anos, até décadas. As trilhas sonoras não são mais bem exploradas e utilizadas como antes. As canções e temas não são marcantes e nem sequer são mais associadas aos personagens. O gênero passa por uma transição (ou adaptação aos novos tempos), isso é visível.

Em meio a essas mudanças, surge um filão: o remake (versão atualizada de uma novela antiga). Cada vez mais freqüente, os remakes têm conseguido elevar os índices de audiência e cativar o público. Sempre que um horário vai mal das pernas, dá-lhe remake! Foi o caso dos remakes dos últimos anos, como Cabocla, Sinhá Moça, O Profeta, Paraíso, Ti Ti Ti (mesclada com Plumas e Paetês), todas da Globo. Sem falar em tentativas de outros canais, como A Escrava Isaura, da Record, e Uma Rosa Com Amor, do SBT. A grande promessa agora é O Astro, remake de uma das novelas brasileiras de maior sucesso de todos os tempos. Exibida originalmente pela Rede Globo entre 6 de dezembro de 1977 e 8 de julho de 1978, às 20 horas, foi escrita por Janete Clair e dirigida por Daniel Filho. Até hoje o público daquela época se lembra da novela, dos personagens, das músicas. E é claro, do primeiro "quem matou?" em novelas que realmente mexeu com os brasileiros. Quem matou Salomão Hayalla? Essa pergunta ecoa no imaginário popular coletivo do Brasil desde aquele distante 8 de julho de 1978, há exatos 33 anos.

Considerada uma das melhores novelas já produzidas, O Astro obteve índices de audiência superiores aos das transmissões dos jogos da seleção brasileira na Copa da Argentina em 1978 - 80% em média (algo inimaginável nos dias atuais). Três dias depois da novela sair do ar, Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna no Jornal do Brasil: "Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando". Foi nessa coluna que Drummond deu um apelido a Janete Clair: Usineira dos sonhos.


O remake da novela, a cargo de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, estréia na próxima terça (dia 12/07), com direção de Mauro Mendonça Filho. Vai inaugurar um novo horário para a teledramaturgia na Globo: de terça a sexta-feira, às 23h. (Nos anos 70 existiam as 'novelas das dez', de temas, digamos, mais 'adultos', que iam ao ar às 22h. Esse horário de novelas foi extinto no final daquela década).

O retorno de O Astro à tela da Globo, como minissérie em 60 capítulos, é a aposta de peso da emissora para comemorar os 60 anos da teledramaturgia brasileira e abrir uma possível faixa de remakes às 23h. Ao que tudo indica, a produção pra lá de esmerada deve despertar o interesse do público e revitalizar esse gênero que faz parte do cotidiano dos brasileiros tanto quanto o futebol e o Carnaval.

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