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Síndrome de Estocolmo


Quando o ABBA venceu o Eurovision Song Contest em Brighton, Inglaterra, em 1974, a música pop sueca não passava de uma exótica forasteira. Naquela época ninguém poderia sequer sonhar que três décadas mais tarde haveria uma boite dedicada à música sueca em Brighton, com o nome de Sweden Made Me (algo como “A Suécia me fez” ou “A Suécia fez minha cabeça”). Na década de 1990 a música sueca ficou tão internacionalizada que muitos nem mais se preocupavam em refletir sobre suas origens.

Não só é difícil crer que artistas como The Cardigans sejam suecos, como também muitos compositores e produtores suecos haviam começado a trabalhar com artistas estrangeiros. Por meio do produtor Max Martin (Martin Sandberg) e seus colegas, mais sucessos foram gravados em Estocolmo no final dos anos 90 do que em qualquer outra cidade do mundo. A Suécia surgiu de repente como o terceiro mais importante produtor de música popular depois dos Estados Unidos e da Inglaterra. E o ABBA certamente abriu caminho para isso. Sucessos globais de Britney Spears, Backstreet Boys, N’Sync e muitos outros foram escritos e gravados na Suécia, embora a maioria dos consumidores de música pop ignorem esse fato.

Em um artigo sobre a música sueca no jornal The Guardian, de setembro de 2006, o fundador da boite, Rob Sinden, explicou por que resolveu abrir o Sweden Made Me. “Mais por causa do som desses discos do que pela língua em si”, afirmou. “É música caseira, feita no quarto. Existe toda essa coisa do ‘faça você mesmo’. Mas feito com orgulho, com satisfação verdadeira, que atrai os fãs ingleses de música indie.”

Brighton não é a única cidade da Inglaterra onde uma boite de música sueca foi aberta. Em Londres existe a Tack! Tack! Tack! e em Glasgow há outra, chamada Sounds of Swden (“Sons da Suécia”), só para dar alguns exemplos. Enquanto a cena sueca do ‘faça você mesmo’ – com artistas gravando em casa – cresceu, Estocolmo ficou famosa no século 21 por ser reconhecidamente uma fábrica de sucessos dançantes da música pop, altamente tecnológica, similar ao que foi Detroit nos anos 60. Madonna e várias outras estrelas do mundo da música foram para a Suécia gravar canções de sucesso, compostas e produzidas por suecos.

Hoje a música sueca está tão espalhada pelo mundo quanto os móveis da Ikea ou as roupas da H&M. E desde que o MySpace revolucionou a cena musical virtual, o reduzido tamanho da Suécia e sua localização geográfica deixaram de ser vistos como desvantagem. Todos viraram vizinhos. A série de TV The OC – Um estranho no paraíso, gravada na Califórnia, já usou mais de uma dúzia de músicas suecas como trilha sonora – o que revela quão internacionalizada a música sueca se tornou.

3 comentários:

camila disse...

Fico profundamente desolada com o esquecimento da célebre Ace of Base: I saw the sign and it open up my eyes...

Daniel Couri disse...

Não esqueci, honey! Sua melodramática! É que não quis alongar o post para não entrar em detalhes. São muitos nomes, muitas bandas e eu só quis dar uma pincelada mesmo. Mas um dia ainda farei um post inteiramente dedicado ao Ace of Base. Bjs!

Erica Abe disse...

Sabia que Síndrome de Estolcomo é também uma relação entre sequestrada e sequestrador? E também uma música liiiinda do Yo la Tengo? :-D
Saudades, querido!

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